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27.08.2018

VOCÊ QUER MUDAR ESSE QUADRO?

VOCÊ QUER MUDAR ESSE QUADRO ? 

ATO I - “CONHECE-TE A TI MESMO”

Então pegue uma espátula, raspe os defeitos do acesso à saúde pública, use o pincel da perseverança nessa tela caótica e pinte um novo quadro com as cores vivas da equidade, universalidade e integralidade.

James Harold Wilson, Barão Wilson de Rievaulx, político e economista britânico, primeiro-ministro do Reino Unido, preconizava:  “aquele que rejeita a mudança é o arquiteto da decadência”.

A mudança tem que começar por nós mesmos. 

Temos que ter o desejo de mudar. Não só a consciência de que se I pode mudar, mas o dever de agir. É a hora do eu posso, é o momento de sair da inércia e de se expor a todos os tipos de dificuldades até sentir aquela sensação de que você é a própria mudança. Não adianta esperar que alguém venha fazer isso por você. Troque a sua passividade por atividade. Não aja como um mero expectador dos fatos. Abra sua mente para novas idéias. 

Nada melhor para isso do que iniciar um diálogo consigo mesmo. Reveja seus atos. Faça uma análise daquilo que deu certo ou deu errado. Reprograme suas metas e se necessário até a forma de enfrentamento de velhos problemas.

As adversidades são perenes. A título de exemplo, podemos citar o relato do médico maranhense, Dr Salvio Mendonça, quando em julho de 1930 faz uma reflexão sobre a situação do médico no Brasil e, ao mesmo tempo, lança um apelo convocando a categoria médica a se mobilizar para reverter este mesmo quadro que hoje nos aflige. O texto continua atualíssimo para esses tempos de crise. Será uma mera coincidência?

Óbvio que não! Durante décadas, se formos reler o conteúdo das revistas médicas de 30 anos atrás, pode-se observar que as publicações dos manifestos das entidades médicas são os mesmos, os protestos em passeatas, os slogans motivacionais e todos os movimentos da categoria são repetitivos. Constata-se que pouco mudou durante essa caminhada de protestos. Os avanços foram transitórios e pontuais.

Não seria o momento de se mudar o “modus operandi” das nossas reivindicações?

Qual a visão que temos da categoria médica daqui há 5, 10 ou 20 anos.

Não dá mais para ficar sempre no “eu farei”, “eu prometo” “eu vou conseguir”. Queremos resultados e não expectativas frustadas. 

Ou cada médico se conscientiza que tem de participar ativamente dos movimentos reivindicatórios da classe ou estaremos fadados ao fracasso.

ATO II “SER OU NÃO SER”

Dê um título à sua obra ou ao seu quadro. Um bom começo seria:

        “Medicina, ame-a ou deixe-a” !

O cavalete para sustentar esse novo quadro se apoia em um tripé. 

1- Provocar ou motivar a categoria com um questionamento;

2- Esperar uma reação da base e, então, estabelecer uma estratégia.  Pois, sem o apoio da base, a diretoria de qualquer entidade médica não tem varinha de condão para reverter situações tão complexas e graves que nos assolam;

3- E, por consequência, aumentar o número de associados ao sindicato, assim como, das demais entidades representativas da categoria.

A pergunta/provocação que se deve fazer é:

- ATÉ QUANDO?

- vamos esperar por um plano de cargos e salários?

- vamos acreditar que o médico tem valor?

- vamos propalar um piso salarial virtual?

- vamos trabalhar em emergências médicas com cenários de feridos em campos de batalha?

- vamos ter de aceitar a imagem do médico ser manipulada pela mídia e por gestores incompetentes?

- vamos nos submeter a ter múltiplos vínculos precários para ganhar o valor correspondente a um?

- teremos condições de exercer a profissão com as mazelas do avançar da idade?

- ficaremos inertes vendo a morte de colegas em função da falta de qualidade de vida?

- permitiremos que médicos sejam presos ou agredidos moral e fisicamente por estar na ponta de um sistema falido?

- iremos assistir a morte de milhares de pacientes sem acesso à consultas, exames, internações e realização de procedimentos?

- vamos acreditar que a saúde é prioridade para os governos?

- seremos explorados por operadoras da saúde suplementar?

- ficaremos com o pescoço na guilhotina por conta de processos de má prática médica, quando a falha é conjuntural e estrutural?

- seremos obrigados a engolir “mais médicos”, “abertura indiscriminada de escolas médicas”, “não valorização daqueles que se dedicam ao ensino médico”, “falta de um plano de aposentadoria”, etc. 

Bater na mesma tecla há anos já provou que não dá resultado. Esse samba de uma nota só acabou por entorpecer nossos sentidos e raciocínio nos impedindo de ver com clareza aos gritos dos excluídos, ao caos das emergências médicas superlotadas, à falta crônica de insumos e, porque não dizer, até uma certa cumplicidade em fechar o olhos à tantas mortes evitáveis. 

Ser ou não ser médico. Eis a questão! 

Se ainda não se convenceu, coloquemos mais alguns ingredientes nessa receita desmotivacional:

Lei do ato médico - perdemos 

Mais Médicos - perdemos 

Reajustes salariais de médicos federais - perdemos

Hospitais com condições mínimas de atendimento - utopia

Concurso público - perdemos 

Coibir a abertura de novas escolas sem os requisitos previstos em lei - perdemos 

Invasão das outras áreas da saúde no âmbito profissional do médico - perdemos

Representatividade no Legislativo - não temos 

Meritocracia - um ser alienígena.

ATO III “QUAL O FUTURO QUE VOCÊ QUER?”

Até quando iremos permitir esse “status quo”?

É esse o futuro que queremos?

Quem vai atender nossos filhos? Nossos netos? Ou ate a nós mesmos?

Como será a futura geração de médicos? Dependente de tecnologia e exames para fazer o mais simples dos diagnósticos?

Seremos substituídos por supercomputadores robotizados?

Será o fim da relação médico-paciente?

A “Slow Medicine” conseguirá reverter esse quadro?

No meio médico é inegável a preocupação com o futuro profissional do exercício da medicina. 

Os médicos mais novos estão vendo seus ex-professores e colegas com mais tempo de estrada, dando plantões ou se arrastando pelos PSF da vida para complementar a renda, porque a aposentadoria do médico, isso quando a tem, mal dá para pagar o plano de saúde.  

O retrato do médico brasileiro é aquele sujeito que vive sob eterno cansaço, não tem tempo para a família, para se cuidar e que provavelmente vai sucumbir no campo de batalha.

Acrescente-se que é a categoria que mais comete suicídios entre os profissionais liberais 

Diante desse quadro nebuloso e de tintas esmaecidas, a profissão médica está sendo atropelada pela necessidade do médico em ter uma atividade paralela.

O mercado de trabalho obriga o profissional médico a investir o suado dinheirinho, oriundo da remuneração de múltiplos sub-empregos, em outras áreas sem qualquer relação de afinidade com a sua formação médica, tais como: postos de combustíveis, restaurantes, franquias e aplicações no mercado financeiro.

ATO IV “VALE A PENA SER MÉDICO?”

Pergunta-se: 

- Você faz um curso de 6 anos, depois mais 4 ou 6 anos de especialização, mestrado, doutorado, fora os cursos de atualização com enorme sacrifício.

Pensa nas noites que passou em claro, até ser vencido pela exaustão e recostar a cabeça sonolenta em cima de um Sabiston ou de um Testi e, para depois de todo esse esforço, se tornar um empresário ou um investidor do mercado financeiro por questões econômicas e de sobrevivência?

Será que vale a pena ser médico ?

Se vocês acreditam que sim, se acham que vale a pena resgatar a nossa dignidade, se conseguem enxergar um fio de esperança no meio desse caos, ajam. Engajem-se nessa luta.

Sem organização, sem filiação às entidades, sem união, nada se faz.

Está aberta a temporada de caça aos votos. 

O político de plantão, com honrosas exceções, tem um olhar diferente para cada entidade. Se a entidade tem poucos associados, para ele não tem a menor importância ou merece qualquer atenção. 

No entanto, se a entidade médica possui 8 ou 30 mil associados os olhinhos do candidato ao cargo de deputado, ou senador ou à governador, brilham mais que diamante da Louis Vuitton na vitrine de uma loja. Eles têm ciência de quantos milhares de votos esses médicos podem gerar.

Só para lembrar, estamos próximos de 500 mil médicos no Brasil. Imaginem se estivéssemos organizados em prol de um interesse ou objetivo comum. 

So temos importância quando estamos unidos e temos representatividade. Somente dessa forma  teríamos as nossas reivindicações atendidas e até nos serviriam um escocês 12 anos com direito a massagem nos pés e tapinhas nas costas. 

A escolha é sua.

Adolfo Paraiso. 

Presidente do SINDMED-MA


 

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